Artigo de opinião
O Presidente da República da Guiné-Bissau, Umaro Sissoco Embaló, anunciou a proibição da mendicidade de crianças Talibés a partir de hoje. A decisão visa proteger os direitos e o bem-estar das crianças, muitas das quais são forçadas a mendigar nas ruas pelos seus mestres corânicos.
A reação dos mestres corânicos, tanto na Guiné-Bissau como nos países vizinhos, é provavelmente mista. Alguns podem ver a proibição como uma interferência na sua tradição e no ensino do Islão, enquanto outros podem encarar a medida como uma oportunidade para reformar e modernizar as escolas corânicas, conhecidas como Daaras.
Os mestres corânicos que se opõem à proibição podem argumentar que a mendicidade é parte integrante do processo educativo dos Talibés, ensinando-lhes humildade e resiliência. Contudo, defensores dos direitos humanos e das crianças sublinham os riscos à saúde, segurança e desenvolvimento das crianças envolvidas na mendicidade.
A proibição da mendicidade infantil pode levar alguns mestres corânicos a procurar formas alternativas de financiamento para as suas escolas, como apoio de organizações não-governamentais, doações da comunidade ou do governo. Essa mudança pode resultar em uma melhoria na qualidade da educação e nas condições de vida dos Talibés, ao mesmo tempo que promove uma abordagem mais sustentável e ética para a manutenção das Daaras.
É importante salientar que na semana passada foi anunciado que a partir de abril desse ano, as crianças talibês beneficiarão de assistência alimentar, escolar e cuidados básicos de saúde, resultado de assinatura de acordo entre governo da Guiné Bissau, PAM E UNICEF.
No entanto, é essencial que o governo da Guiné-Bissau e os países vizinhos estabeleçam um diálogo construtivo com os mestres corânicos para garantir que a proibição seja implementada de forma eficaz e respeitosa. Além disso, deve ser dada especial atenção à criação de programas de apoio e reabilitação para as crianças Talibés, ajudando-as a reintegrar-se na sociedade e a ter acesso a uma educação formal e a oportunidades de desenvolvimento.
A proibição da mendicidade infantil é um passo importante no combate à exploração e ao abuso das crianças Talibés. No entanto, é fundamental que a medida seja acompanhada de esforços concertados para abordar as causas subjacentes desta prática e promover a cooperação entre as comunidades religiosas, a sociedade civil e as autoridades.
Por: SC
RTB
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