Por Lusa

A polícia de Serra Leoa interceptou uma presumível tentativa de golpe de Estado, prendendo vários militares supostamente envolvidos. Este incidente acontece após um mês de tensão resultante de supostas irregularidades nas eleições de 24 de Junho.

Um comunicado da polícia detalha que a investigação revelou um plano que envolvia militares e outros indivíduos para utilizar protestos pacíficos marcados para decorrer entre os dias 7 e 10 de Agosto como um meio de lançar ataques violentos contra instituições estatais e civis inocentes.

Segundo o “The Sierra Leone Telegraph”, a polícia sublinhou a existência de elementos tanto dentro como fora do país, procurando desestabilizar a paz e estabilidade em Serra Leoa, contrariando os esforços em solidificar a “democracia duramente ganha”.

A polícia assegurou, apesar das detenções, que a situação está sob controlo, apelando à população para manter a calma e prosseguir com as suas vidas como habitual.

Julius Maada Bio, o Presidente da Serra Leoa, foi reeleito a 24 de Junho, tendo governado o país desde 2018. A sua vitória foi rejeitada pelo principal partido da oposição, o Congresso de Todo o Povo (APC em inglês).

A 12 de Julho, os deputados do APC recusaram-se a assumir os seus cargos no parlamento de Serra Leoa como forma de protesto contra as eleições presidenciais, que alegam serem fraudulentas.

Com esta ação, os deputados do APC desobedeceram a uma ordem do governo que instava todos os parlamentares a apresentarem-se no parlamento nesse dia.

Segundo a Comissão Eleitoral da Serra Leoa, Maada Bio ganhou com 56,17% dos votos, enquanto Samura Kamara, o líder do APC, obteve 41,16%.

O principal observatório eleitoral de Serra Leoa também contestou os resultados, declarando que as investigações indicam que nem Bio nem Kamara atingiram os 55% necessários para uma vitória na primeira volta.

Estas eleições foram as quintas desde o final da guerra civil em Serra Leoa (1991-2002), um conflito que devastou o país e resultou na morte de mais de 50.000 pessoas.

Este suposto complô em Serra Leoa surge num clima de grande instabilidade na África Ocidental, especialmente após o recente golpe de Estado no Níger, que destituiu o Presidente eleito Mohamed Bazoum na semana passada.

RTB/Lusa