BBC
Níger, Mali e Burkina Faso anunciaram a sua saída da Comunidade Económica dos Estados da África Ocidental (CEDEAO). Os países, liderados por juntas militares, já haviam sido suspensos do bloco, que vem instando ao retorno à governação democrática. Os três governos declararam que a retirada da CEDEAO é uma “decisão soberana”. Eles também eram membros fundadores do bloco, estabelecido pela primeira vez em 1975.
Numa declaração conjunta transmitida pelos radiodifusores estatais dos três países, afirmaram que a CEDEAO “se desviou dos ideais dos seus fundadores e do espírito do Pan-Africanismo”. Continuaram, alegando que a CEDEAO, “sob a influência de potências estrangeiras e traindo seus princípios fundadores, tornou-se uma ameaça para os estados membros e seus povos”. Acrescentaram que o bloco falhou em ajudá-los a lidar com a violência jihadista em seus territórios.
As relações entre o bloco e os três países têm sido tensas após golpes militares ocorridos no Níger em julho, em Burkina Faso em 2022 e no Mali em 2020. A CEDEAO pediu a todos os três países que retornassem à governação civil. Em resposta ao anúncio de domingo, a CEDEAO afirmou que os três países eram “membros importantes da Comunidade” e que o bloco “permanece empenhado em encontrar uma solução negociada para o impasse político”. Também mencionou que ainda não havia recebido notificação formal dos países sobre sua retirada do bloco. De acordo com o tratado da CEDEAO, os estados membros que desejam retirar-se devem dar um aviso por escrito com um ano de antecedência e continuar a cumprir suas disposições durante esse ano.
Apesar da suspensão do bloco, das sanções, negociações e ameaças de intervenção militar, os líderes militares endureceram sua posição, acusando o bloco de ser influenciado por potências externas. Os três países distanciaram-se da antiga potência colonial, a França, reforçaram laços com a Rússia e, em setembro, formaram um pacto de defesa mútua chamado Aliança dos Estados do Sahel. Os líderes militares argumentaram que desejam restaurar a segurança antes de organizar eleições, enquanto lutam para conter insurgências jihadistas ligadas à al Qaeda e ao Estado Islâmico. Os líderes militares do Níger disseram que desejam até três anos para uma transição de volta ao governo civil. O governo militar no Mali prometeu realizar eleições em fevereiro, mas isso agora foi adiado para uma data desconhecida. Entretanto, Burkina Faso marcou eleições para este verão, mas as autoridades afirmam que a luta contra os insurgentes permanece a máxima prioridade.
Uma delegação da CEDEAO deveria viajar para Niamey para uma reunião com a junta no Níger na quinta-feira para discutir sanções ao país. No entanto, a aeronave que deveria transportar a delegação desenvolveu “problemas técnicos” em Abuja e a reunião foi adiada.
RTB/BBC
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