A Guiné-Bissau e Espanha reiteraram, quarta-feira, a intenção de “continuar a estreitar” as relações bilaterais, depois de há duas semanas Madrid ter anunciado que iria retomar o programa de cooperação com Bissau.
O primeiro-ministro espanhol, Pedro Sánchez, recebeu quarta-feira o Presidente, Umaro Sissoco Umbaló, em Madrid, e durante o encontro, os dois “sublinharam a importância de continuar a estreitar as relações políticas, económicas e de cooperação”, segundo um comunicado do Governo de Espanha.
Sánchez abordou também com Sissoco Umbaló, segundo o mesmo comunicado, a presidência espanhola da União Europeia, que Espanha assume no segundo semestre deste ano e já disse que terá África entre as suas prioridades.
O Governo espanhol, na nota quarta-feira divulgado, referiu que a Guiné-Bissau tem neste momento a presidência rotativa da Comunidade Económica de Estados da África Ocidental (CEDEAO) e acrescentou que Sánchez “transmitiu o apoio de Espanha a este organismo chave na manutenção da estabilidade na região, assim como na defesa da democracia e da boa governança na África Ocidental”.
Nesta passagem por Madrid, Umaro Sissoco Umbaló teve ainda na agenda de quarta-feira um encontro e um almoço com o Rei de Espanha, Felipe VI.
Em 12 de janeiro, o ministro dos Negócios Estrangeiros espanhol, José Manuel Albares, durante uma visita a Bissau, anunciou que Espanha iria retomar o programa de cooperação com a Guiné-Bissau.
“O primeiro objetivo desta visita é retomar esta relação entre Espanha e Guiné-Bissau num momento em que a África Ocidental se encontra numa situação complexa, difícil como não estava há muitos anos, e onde a Guiné-Bissau tem demonstrado como se pode estabilizar e caminhar para a democracia”, afirmou José Manuel Albares, o primeiro chefe da diplomacia espanhola a visitar a Guiné-Bissau em 14 anos.
“Espanha quer reforçar, atualizar e revitalizar os seus laços com toda a África Ocidental e também com a Guiné-Bissau”, disse, salientando a importância da Guiné-Bissau para Espanha, país que está disponível para trabalhar com a região no setor da segurança e na luta contra o tráfico humano e outros tráficos ilícitos.
A ministra dos Negócios Estrangeiros Suzi Barbosa destacou, no mesmo dia, a “retoma da cooperação” e a “boa vontade” para a reforçar e intensificar em diferentes setores.
“Antes de mais, isto é uma visita de diplomacia económica para ver os novos mercados que a Guiné-Bissau pode oferecer a Espanha, mas também é uma visita para fortificar os nossos laços de cooperação, os nossos laços políticos, sobretudo, porque temos muitas coisas em comum”, afirmou Suzi Barbosa.
Nas declarações à imprensa, Suzi Barbosa sublinhou que a “Guiné-Bissau e Espanha podem desenvolver o setor pesqueiro, criar uma indústria transformadora de pescas e criar postos de trabalho”.
Albares terminou em Bissau uma visita a três países africanos que o levou também ao Níger e à Nigéria, para realçar que o continente será uma prioridade da presidência espanhola da União Europeia.
No ano passado, foi o próprio Pedro Sánchez que visitou o Quénia e a África do Sul, depois de em 2021 ter estado no Senegal e em Angola.
Este mês, será a vez de os Reis de Espanha visitarem Angola.
O Governo espanhol apresentou em 2021 o plano “Foco África 2023”, com o qual tenta marcar um ponto de viragem nas relações com o continente africano e diversificar a sua influência diplomática fora da Europa, tradicionalmente centrada na América Latina e no norte de África.
O “Foco África 2023” considera como “países âncora” Nigéria, Etiópia e África do Sul e, como “países prioritários”, os lusófonos Angola e Moçambique, além de Senegal, Costa do Marfim, Gana, Quénia e Tanzânia.
RTB/ANG
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