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No centro do golpe no Gabão, está Brice Clothaire Oligui Nguema, comandante-chefe da Guarda Republicana do Gabão, a unidade de segurança mais poderosa do país e primo do Presidente Bongo.

A ascensão de Nguema ao destaque tem sido marcada pelo seu papel influente nos círculos políticos e militares do Gabão. Formado pela Real Academia Militar de Meknès em Marrocos, iniciou a sua carreira como “aide-de-camp” de um comandante na Guarda Republicana do antigo Presidente Omar Bongo. Após a morte de Omar Bongo em 2009, Nguema continuou a servir sob a presidência de Ali Bongo, ascendendo à liderança da guarda uma década depois.

Como chefe da Guarda Republicana, responsável pela segurança presidencial, Nguema trabalhou para fortalecer os sistemas de segurança interna do Gabão. No entanto, algumas reformas foram vistas como mecanismos para prolongar o mandato do Presidente Bongo. De notar, relatos da imprensa local sugerem que Nguema até compôs uma canção jurando lealdade ao presidente: “Defenderei o meu presidente com honra e lealdade.”

Além do seu papel militar, Nguema desempenhou missões diplomáticas em Marrocos e Senegal. Também era conhecido pelo seu espírito empreendedor e teria acumulado uma fortuna considerável, tornando-se milionário nos círculos gaboneses. Uma investigação do The Organized Crime and Corruption Reporting Project (OCCRP) revelou investimentos de Nguema no mercado imobiliário dos EUA, nomeadamente compras de propriedades com pagamentos substanciais em dinheiro.

Numa entrevista em 2023 ao diário francês Le Monde, Nguema expressou o seu descontentamento com o governo do Presidente Bongo. Criticou a violação constitucional que permitiu a Bongo procurar um terceiro mandato e destacou a decisão do exército de assumir a responsabilidade pela situação. Nguema sugeriu que Bongo deveria retirar-se, permitindo ao país avançar sob uma nova liderança.

Enquanto a nação lida com as repercussões da tentativa de golpe, vídeos e imagens não verificadas circulam nas redes sociais mostrando soldados gaboneses a celebrar com Nguema, indicando o seu possível papel como o “próximo homem forte”.

A tentativa de golpe e o papel crucial de Nguema continuam a captar a atenção do Gabão e do mundo, levantando questões sobre o futuro da nação e as implicações desta reviravolta dramática.

RTB/BD