Lusa

O ambiente no liceu Quemo Mané, situado em Mansoa, norte da Guiné-Bissau, tornou-se tenso hoje devido a confrontos entre estudantes e forças policiais. Os alunos, em protesto contra a nomeação do novo diretor pelo Governo, entraram em confronto com a polícia, resultando em cinco feridos graves.

Fernando Yalá, administrador setorial de Mansoa e testemunha dos eventos, relatou à Lusa que os alunos protestavam no liceu e que ele próprio se viu envolvido na agitação, observando os estudantes a lançar pedras e garrafas contra a instituição.

Os distúrbios eclodiram durante a cerimônia de transferência de dossiers entre o diretor anterior e o recém-nomeado Adulai Djá. Djá, uma figura política com passado administrativo no setor, é alvo de descontentamento popular.

Uma fonte anónima da associação de alunos do liceu indicou à Lusa que Adulai Djá não possui as condições morais ou académicas adequadas para assumir o cargo de diretor.

Durante os confrontos, relatou Fernando Yalá, os estudantes não só lançaram objetos, mas também incendiaram pneus nas instalações, interrompendo a cerimônia. Como resultado, Adulai Djá foi forçado a refugiar-se na escola por mais de duas horas até ser resgatado pela segurança.

Na operação de salvamento de Djá, dois estudantes e três polícias sofreram ferimentos devido ao lançamento de pedras, tendo sido posteriormente encaminhados para tratamento médico no hospital de Mansoa.

Em resposta ao tumulto, uma unidade da Polícia de Intervenção Rápida partiu de Bissau para Mansoa, onde usou granadas de gás lacrimogêneo nas proximidades do liceu. Há também relatos de que Lassana Sanhá, o diretor substituído, foi detido e levado para Bissau.

O liceu Quemo Mané é reconhecido na Guiné-Bissau por ser a primeira escola pública a implementar a autogestão, um sistema financiado pelos pais para assegurar o pagamento dos professores e evitar a adesão às greves frequentes no setor público de ensino.

RTB/Sapo/Lusa