Bissau, 24 de fevereiro de 2024 (TV Bantaba) – O Fórum de Paz da Guiné-Bissau condenou veementemente a ação das forças de segurança contra os alunos manifestantes e expressou solidariedade para com as vítimas e os pais encarregados da educação. A declaração foi feita num comunicado à imprensa durante a XXIIª reunião itinerante do Conselho de Paz em Gabú, cujo seu término realizado neste sábado (24-02).
O encontro, que reuniu mais de 12 grupos de mediadores de paz de todo o país, contou com a presença dos deputados eleitos nos círculos eleitorais 15, 16, 17 e 18 da região de Gabú. A reunião proporcionou uma oportunidade para discutir a situação do ensino, marcada pelas reivindicações dos alunos e pelo uso desproporcional da força pelas autoridades contra os professores vulneráveis.
Após um debate profundo e reflexivo sobre os eventos recentes, os delegados do XXIIº Conselho de Paz decidiram:
Expressar solidariedade para com os alunos e os pais responsáveis pela educação, reconhecendo a forma consciente como reivindicaram os seus direitos;
Repudiar a atuação desproporcional e desnecessária das forças de segurança contra os alunos manifestantes, que estavam apenas exercendo um direito fundamental e constitucionalmente assegurado;
Exortar o Ministério do Interior a instruir as suas forças de segurança sobre como lidar com manifestações, cumprindo o papel de proteger os manifestantes;
Exigir a realização de concursos públicos para os cargos de diretores de escolas, visando promover a competência nos serviços de educação e, consequentemente, na qualidade do ensino.
O Fórum de Paz da Guiné-Bissau, através dos seus grupos de Kumpudures de Paz e da comissão especializada dos professores, manifestou a sua total disponibilidade para ajudar nas negociações e prestar assistência técnica para construir consensos viáveis no setor da educação nacional.
Durante o mesmo encontro, o coordenador nacional do Fórum de Paz na Guiné-Bissau, José Carlos Lopes Correia, afirmou que o governo perdeu o controlo da situação do ensino no país.
“Há muito problema no setor educativo. É por isso que nós, do grupo Kumouduris de Paz, lançamos um comunicado repudiando a violência das forças de segurança contra os alunos manifestantes. Percebemos que o governo perdeu o controlo da situação do ensino na Guiné-Bissau. Estamos à beira de greves que estão por vir, e o governo deve abrir negociações para evitar o pior. Os alunos estão a reivindicar os seus direitos, e a escola é para eles, não para os políticos”, disse Correia” lamentou.
Por sua vez, o coordenador do grupo anfitrião, Kumpudures de Paz da região de Gabú, denominado Badim-Kafó (harmonia), Djibril Bodjam, exigiu o respeito pela vontade da maioria expressa nas urnas e condenou as sucessivas quedas de governos e golpes de estado no país.
“Estamos prestes a eleições. Devemos unir-nos porque somos um povo único. Ter paz não é apenas a ausência de tiros, mas sim quando a população tem acesso a tudo (educação, saúde, água, luz e infraestruturas). É isso que significa ter paz. Quero aconselhar os nossos políticos a respeitar a vontade da maioria expressa nas urnas. Condeno as sucessivas quedas de governos e golpes de estado no país”, declarou Djibril Bodjam.
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