Os remédios caseiros de origem desconhecida, como o Tababá (tabaco moído) e o Sabi-Sabi (Pedra Humme, uma espécie de pedrinhas de cinza ou sal), são amplamente utilizados por mulheres de diferentes idades na Guiné-Bissau. Estes produtos são procurados para aumentar o prazer sexual e promover a fertilidade, com o objetivo de engravidar. No entanto, representam uma ameaça significativa à saúde.
De acordo com mulheres entrevistadas pela equipa de produção do Boletim Info Drogas do Observatório Guineense da Droga e da Toxicodependência, e citado pelo jornal O Democrata, estes remédios são também exportados clandestinamente para Portugal, sendo solicitados por mulheres guineenses emigrantes naquele país europeu.
Segundo médicos ginecologistas consultados, o Tababá é altamente prejudicial à saúde, podendo causar infeções generalizadas, queimaduras na parede da mucosa vaginal, vómitos, cãibras, desmaios, tonturas, abortos, partos prematuros, infeções vaginais com corrimento, infertilidade, aumento da pressão arterial e facilitar a contaminação por doenças sexualmente transmissíveis.
Mussú Coió, uma utilizadora de Tababá de 45 anos, residente no Bairro de Cupelum, partilhou um breve historial sobre a origem do Tababá. Segundo ela, a substância surgiu na aldeia de Candjino, no setor de Farim, região de Oio, no norte da Guiné-Bissau, com o propósito de resolver problemas de fertilidade feminina.
Tradicionalmente, o remédio, conhecido em dialeto mandinga como “Tababá” (que significa “tabaco grande” em português), era preparado a partir de diferentes raízes, sendo posteriormente administrado à mulher. A utilizadora era instruída sobre a sua aplicação, que incluía a ingestão através da comida para limpar o ventre, e apenas uma pequena porção era introduzida na vagina.
Este produto era inicialmente denominado “Candjino”, em referência à tabanca onde começou a ser produzido para auxiliar na fertilidade de mulheres com dificuldades em engravidar. Antigamente, não se adicionava tabaco moído nem cinzas, como é feito atualmente, mas sim um remédio caseiro preparado à base de raízes de plantas.
“Naquela época, quando uma mulher ia para a mata buscar essas raízes, não usava roupa no corpo. Ela ia de manhã muito cedo e ficava nua. Ninguém podia vê-la, sobretudo os homens”, contou Mussú Coió.
Após utilizar o Tababá disponível atualmente, Mussú Coió relatou que não conseguiu levantar-se da cama, sentiu dores abdominais, dores de ventre, dor de cabeça, vómitos, diarreia, cãibras nas pernas e aumento da pressão arterial, não conseguindo ter relações sexuais com o marido nessa noite.
“Fiquei bêbada. Passei horas e horas a sentir dores de barriga”, relatou, afirmando que há um risco muito grande no uso do Tababá na vagina, podendo complicar a fertilidade da mulher.
“As mulheres, hoje em dia, estão a praticar violência contra o seu próprio corpo em busca do prazer sexual. O Tababá é um veneno que veio para acabar com as raparigas e mulheres na Guiné-Bissau”, alertou.
Este relato evidencia os perigos associados ao uso de remédios caseiros de origem desconhecida, sublinhando a necessidade de maior consciencialização sobre os riscos para a saúde e a importância de procurar aconselhamento médico adequado.
Odemocrata
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