A República Democrática do Congo (RDC) apelou ao Conselho de Segurança das Nações Unidas para impor sanções ao Ruanda, acusando-o de uma “declaração de guerra” devido à alegada incursão de tropas ruandesas no seu território. A ministra dos Negócios Estrangeiros congolesa, Thérèse Kayikwamba Wagner, afirmou que forças ruandesas atravessaram os postos fronteiriços entre Goma (RDC) e Gisenyi (Ruanda), violando deliberadamente a soberania nacional congolesa. Ela apelou à imposição de sanções específicas, incluindo o congelamento de bens e proibições de viagem, contra membros das forças armadas ruandesas e decisores políticos responsáveis pela alegada agressão.
O Secretário-geral da ONU, António Guterres, instou o Ruanda a retirar as suas forças do leste da RDC, onde combates intensos têm ocorrido à medida que os rebeldes do M23, supostamente apoiados por Kigali, se aproximam da cidade de Goma. A escalada do conflito levou à convocação de uma reunião de emergência do Conselho de Segurança da ONU, enquanto ambos os países retiraram os seus diplomatas das respetivas capitais. As províncias orientais de Kivu do Norte e do Sul têm sido palco de conflitos há três décadas, com o M23 a emergir como um dos grupos armados mais poderosos nos últimos anos. Desde 2021, o M23 tem conquistado vastas áreas no leste da RDC, deslocando milhares de pessoas e provocando uma crise humanitária.
Após o cancelamento das conversações de paz entre os presidentes Paul Kagame (Ruanda) e Félix Tshisekedi (RDC) em dezembro, os combatentes do M23, alegadamente apoiados por milhares de soldados ruandeses, avançaram em direção a Goma, capital do Kivu do Norte, uma cidade com mais de um milhão de habitantes. Relatos indicam que fortes detonações foram ouvidas desde o amanhecer de domingo, e um drone ruandês atingiu uma posição do exército congolês a cerca de seis quilómetros a norte da cidade, ferindo pelo menos duas pessoas. Helicópteros de combate congoleses sobrevoavam Goma, enquanto novas colunas de deslocados chegavam à cidade devido aos combates.
VOA
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