Eng. Natalino Maria Nhaga
Fez análise crítica e em perspectiva sobre a situação da areia pesada em Varela-
Num artigo de opinião que, nos seus pontos, trouxe argumentos contra e a favor da exploração, destacando-se, nos seus aspetos mais relevantes, um apelo ao Governo, à sociedade civil e à comunidade em geral, no sentido de se discutir o tema de forma transparente, garantindo que os interesses da população e da natureza se sobreponham aos benefícios imediatos.
NO CONTEXTO DO CASO:
O ativista social observou que as areias pesadas são compostas por minerais valiosos, como titânio, zircónio e elementos raros, cruciais para indústrias de alta tecnologia. Em Varela, a potencial exploração deste recurso atraiu investidores internacionais, gerando promessas de emprego e crescimento económico numa das regiões mais carenciadas do país. Contudo, a zona abriga mangais, espécies ameaçadas e comunidades que dependem da pesca e da agricultura.
Perante esta situação, este Técnico Informático e Designer Gráfico, ativista social e dos direitos humanos, membro do Movimento Nacional de Crianças e Jovens Líderes da Guiné-Bissau (MNCJLGB), analisa o caso de Varela como exemplificativo de um desafio comum a nações ricas em recursos naturais: como alcançar o equilíbrio entre crescimento e sustentabilidade. Considerando que a Guiné-Bissau, já marcada por instabilidade política e corrupção, precisa de:
Transparência: Contratos públicos claros e com envolvimento da população nas decisões.
Regulamentação rigorosa: Leis ambientais e fiscais que previnam abusos.
Alternativas sustentáveis: O investimento em ecoturismo ou agricultura biológica, por exemplo, pode ser menos prejudicial.
Nos seus argumentos contra a exploração, apontou a degradação do meio ambiente, referindo que a extração de areia pesada pode devastar mangais, poluir o solo e a água, comprometendo a biodiversidade.
Em relação aos impactos sociais, salienta que as comunidades tradicionais podem ser deslocadas ou ver as suas atividades geradoras de rendimento, como a pesca e a agricultura, severamente afetadas. Além disso, destaca os riscos de gestão ineficiente: sem regulamentações robustas, os lucros poderão beneficiar apenas as elites e empresas estrangeiras, agravando as desigualdades.
Ao argumentar a favor da exploração, o Eng. Natalino Maria Nhaga observou o potencial de progresso económico, na medida em que a mineração poderia estimular a economia da Guiné-Bissau, criando oportunidades de emprego e melhorando a infraestrutura numa zona carente de investimentos.
Em termos de rendimento fiscal, o governo teria a possibilidade de arrecadar impostos e royalties, financiando serviços essenciais como educação e saúde.
Quanto à inserção internacional, o país poderia tornar-se um interveniente relevante no setor dos minerais estratégicos, atraindo investimentos adicionais.
O Eng. Nhaga conclui que a areia pesada de Varela não deve ser vista apenas como um recurso a explorar, mas como um indicativo da capacidade da Guiné-Bissau para gerir o seu património natural de forma sustentável. A escolha não pode ser entre “desenvolvimento” e “preservação”, mas sim sobre como integrar eficazmente ambos. Sem um planeamento adequado, o país corre o risco de repetir os erros de outras nações africanas: riqueza passageira para poucos, enquanto a maioria enfrenta pobreza e danos permanentes. A participação das comunidades locais e a realização de estudos de impacto independentes devem ser essenciais nesse processo.
Por: Eng. Natalino Maria Nhaga
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