Aliança dos Estados do Sahel (AES) condena o ataque a um drone do Mali e chama os seus embaixadores na Argélia.
Um incidente grave veio ensombrar as relações já tensas entre o Mali e a Argélia. No domingo, 6 de abril, o Mali e os seus aliados do Níger e do Burkina Faso anunciaram a retirada dos respectivos embaixadores na Argélia para consulta, depois de o exército argelino ter abatido um drone militar maliano que se encontrava em missão de reconhecimento no país.
Segundo um comunicado que o Ministério da Defesa argelino emitiu, afirmava ter abatido um drone que tinha violado o seu espaço aéreo em 2 quilómetros. Esta versão foi imediatamente contestada por Bamako, que denunciou um “pretexto falacioso” para justificar o que considerou ser um claro ato de agressão. O governo maliano insistiu na inconsistência da versão argelina, apontando a questão crucial: “Como é que um drone abatido na Argélia pode ter ido parar a quase 10 quilómetros dentro do território maliano?
Os resultados preliminares do inquérito lançado pelas autoridades malianas concluíram que o drone caiu verticalmente na sequência de fogo hostil, como um míssil terra-ar ou ar-ar. Os registos técnicos mostram que a aeronave estava estritamente dentro do espaço aéreo maliano no momento do incidente. A localização exacta dos destroços e o ponto em que a ligação do avião foi cortada confirmam esta análise e não deixam margem para ambiguidades.
Na sequência deste incidente, os dirigentes dos três países da Aliança dos Estados do Sahel (AES) adoptaram medidas diplomáticas enérgicas. Numa declaração transmitida pela televisão nacional maliana a que a TV Bantaba teve acesso, o Mali, o Níger e o Burkina Faso lamentaram a destruição do drone das Forças Armadas do Mali, qualificando o ato de “agressão premeditada”. Recordaram igualmente que o espaço aéreo da República do Mali, do Níger e do Burkina Faso constitui um teatro único de operações militares, o que faz deste ataque uma agressão contra todos os Estados membros da ESA.
O major-general Abdoulaye Maïga, porta-voz do governo e ministro da Administração Territorial e da Descentralização, sublinhou que “esta ação prova, se é que era preciso provar, que o regime argelino patrocina o terrorismo internacional. Com efeito, a destruição do drone tem claramente o efeito, se não o objetivo, de dificultar a neutralização dos grupos armados que reivindicaram a autoria de actos terroristas”.
O governo maliano sublinhou ainda que a Argélia apoiava os grupos terroristas que operam na região ao dificultar as capacidades de vigilância da República do Mali: “Este ato visa proteger os grupos armados ao dificultar as nossas capacidades de vigilância”.
Em resposta a esta afronta, foram anunciadas três medidas: a convocação do embaixador argelino em Bamako, a retirada imediata do Mali do Comité Militar Misto (CEMOC) e a apresentação de uma queixa contra a Argélia junto das instâncias internacionais por actos de agressão.
Este último episódio veio agravar a tensão diplomática já existente entre os dois países. O Mali, recordando o seu apoio histórico à guerra de independência argelina, exprimiu a sua amargura face ao que considerou ser uma viragem diplomática preocupante por parte de Argel.
Apesar disso, Bamako reafirma a sua determinação em lutar contra o terrorismo em todo o país. De acordo com o comunicado de imprensa, o Presidente da Transição, General Assimi Goïta, continua firmemente empenhado em prosseguir as operações de segurança. A prova disso é o êxito dos ataques selectivos realizados poucas horas depois do atentado contra as posições terroristas na zona de Tinzawatène.
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